A marca do pertencimento étnico
Rosildo Barcellos

Cientificamente falando, na conquista de espaço, inclusive no se fazer respeitar, a violência se opõe à diplomacia e com isso, o indivíduo que consegue controlar seus impulsos são cidadãos denominados pacificadores. Entretanto para se chegar a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, houve muita luta. Aliás para se chegar a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabeleceu que, a partir daquele ano, o dia 20 de novembro passasse a ser uma data para celebrar o sobredito dia, e que foi uma luta para se lembrar da luta. Uma vez que foi neste dia, no ano de 1695, em que, Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, depois de buscar a defesa da cultura e da liberdade, morreu em combate, liderando seu povo e sua comunidade.
Não há dúvida de que a criação desta data está arraigada de importância, pois, além de servir como um momento de conscientização sobre a importância da cultura e do povo africano na formação do lastro educacional nacional serve para a reflexão sobre a colaboração dos africanos, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos. É certo que o grande debate atual é sobre as alternativas de um desenvolvimento sustentável e a superação dos conflitos étnicos e as desigualdades alinhavadas pela resistência de valores dos povos e fundamentadas no clamor pela equidade.
Justifica-se ser um momento perfeito de buscar a pauta pela discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação dos indivíduos para a vida em sociedade, não somente de indígenas, caboclos, pardos, negros, mulatos, mamelucos e cafuzos, mas discutir o papel da sociedade perante a formação das crianças neste ambiente com vistas ao nosso próprio futuro. Muitos filósofos, desde Aristóteles já nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao contrário: enquanto a família, base que devia contribuir com a formação consciente dos indivíduos, submete a criança e adolescente a um levante de violência psicológica e física, a sociedade os provoca a ser o que não são. Estigmatizados descobrem na alienação ou sobretudo nas drogas, na bebida e, posteriormente, na violência, uma suposta solução para seus conflitos, rancores e penares, multiplicando os seus ais.
Luis Henrique Corrêa, mestre da radiofonia, atendeu 372 ligações telefônicas em meia hora para um único aparelho telefônico ao vivo no Programa Show de Prêmios na Sociedade Rádio Ponta Porã/MS no dia 29 de abril de 1995. Lile Corrêa foi incluso no Guinness Book 1996 e 1997, como locutor mais rápido do mundo atendendo telefonemas; Benedito Carlos Gonçalves de Lima, mestre dos saberes, que laureou-me através do Grupo ALEC para a Comenda Germano Carretoni. João Francisco dos Santos Neto, mestre da cultura musical, viés do sertanejo raiz, que de plantador de bananas, chegou a vice prefeito de Nioaque; Ayrton de Araújo que de pedreiro chegou a vereador da capital, voltado para as causas sociais e que me homenageou com a medalha Zumbi dos Palmares. Robson Lacerda, presidente da Escola de Samba corumbaense “ Império do Morro “, que em 2024 vai levar a nossa essência poética, para a avenida ”Poemas … sentimentos a tocar – deixe a emoção te levar, Império do Morro é raiz em Corumbá ” (letra de Xandinho Nocera, André Filosofia, Nando do Cavaco e Ronny Potolki).
Cito e exalto neste artigo, estas várias personalidades que mostraram que, a cor não é fator obnubilador para a convivência igualitária entre os homens. E por derradeiro agradeço a todas as homenagens recebidas como escritor e articulista, por preservar a história, cultura e tradições; lembro Sir Isaac Newton, quando dizia: “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”

*Articulista