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“A alteridade feminina na Educação” por Rosildo Barcellos

“A alteridade feminina na Educação” por Rosildo Barcellos

Elaine Cassiano

A diversidade, as diferenças, a alteridade, os regionalismos sociais e culturais dissolvem de certa forma o fundamento universal dos direitos humanos; mas esse conceito a mulher carrega impregnado ao seu ser, juntamente com o Dom divino de estender a mão a quem não pediu e doar aquilo que nem foi solicitado. Nada mais justo que,por isso estabelecer um dia especial para homenageá-las. Na verdade há mais de uma versão para a origem do Dia Internacional da Mulher, mas todas remetem a greves de trabalhadoras de fábricas têxteis desde a Revolução Industrial, no século 19. Em 8 de março de 1857, tecelãs de Nova York realizaram uma marcha por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária e igualdade de direitos.

Na época, a jornada de trabalho feminino chegava a 16 horas diárias, com salários até 60% menores que os dos homens. Além disso, muitas sofriam agressões físicas e sexuais. Uma das versões do desfecho da marcha é a de que as manifestantes teriam sido trancadas na fábrica pelos patrões, que atearam fogo no local, matando cerca de 130 mulheres. O fim mais aceito, porém, é o da interrupção da passeata pela polícia, que dispersou a multidão com violência.

A versão do incêndio tem concatenação com a tragédia da fábrica Triangle Shirtwaist Company, em 25 de março de 1911. O fogo matou mais de 150 mulheres, com idades entre 13 e 25 anos, na maioria imigrantes italianas e judias.A falta de medidas de segurança do local – as portas teriam sido trancadas para evitar a saída das empregadas – foi apontada como o motivo do alto número de mortes. 8 de março é símbolo da luta pelos direitos da mulher, e foi oficializada pela Unesco em 1977.

Entretanto quando se toca no assunto resiliência e empatia feminina quero destacar um nome que em dez anos, se destacou por ser a primeira mulher escolhida para o cargo de dirigente máximo do IFMS. Elaine Cassiano, atual reitora do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) foi reeleita com 35,99% dos votos. Sua bagagem educacional traz o título de doutora em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), mestre em Produção e Gestão Agroindustrial (Anhanguera-Uniderp), especialista em Gestão de Pessoas pelo Centro de Ensino Superior de Rondonópolis (Cesur), especialista em Docência para Educação Profissional, Científica e Tecnológica pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e graduada em Administração pelo Centro de Ensino Superior de Rondonópolis (Cesur). Ingressou como docente do IFMS em 2012, tendo ocupado os cargos de diretora do Centro de Referência em Tecnologias Educacionais e Educação a Distância (Cread), pró-reitora de Ensino e Pós-Graduação, diretora da Educação Superior e coordenadora de Gestão Acadêmica. Num de seus discursos retirei a frase: “Cada novo começo é uma oportunidade de reinventar e encontrar caminhos que nos permitam crescer. É quando nos desafiamos a sair da zona de conforto e abraçamos a coragem para alcançar um suporte que crescemos. Que possamos abraçar este recomeço com fé e esperança e trilhar nosso caminho com muito amor pelo IFMS “ . Por ter feito cursos na plataforma, posso asseverar que o IFMS também se destaca em pesquisa, empreendedorismo e transferência de conhecimento, com projetos

como o Laboratório de Solos, Casa Pantanal, Hortoponia e centros de referência em tecnologia. Na extensão, promove ações sociais, culturais, esportivas e científicas, além de cursos, estágios e acompanhamento de egressos.

Outro dado importante é que em 2024, são 53.515 alunos matriculados em cursos presenciais e a distância. Em outra fala a magnífica reitora acrescenta “Um passo histórico na união entre o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul e o Ministério dos Povos Indígenas. Estamos comprometidos em transformar vidas por meio do Programa Teko Porã, que traz ações concretas para fortalecer a cultura, a segurança alimentar e a autonomia das comunidades Guarani Kaiowá no sul do estado.” E as realizações e aproximações com a comunidade não param. A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) estão programando uma parceria para a oferta de cursos técnicos, de capacitação continuada e de formação inicial aos custodiados. Dados da Divisão de Educação da Agepen apontam que, somente no ano passado, 858 reeducandos de Mato Grosso do Sul receberam cursos de qualificação dentro dos presídios e em áreas com demanda de mercado profissional. Para quem não se lembra Em 1827, a Lei Geral marcou um ponto crucial na história das mulheres brasileiras, garantindo o direito de estudar além do ensino fundamental. No entanto, havia restrições: as alunas não tinham acesso a todas as matérias ensinadas aos meninos, como geometria, e eram obrigadas a aprender as “artes do lar”. Somente em 1879, as mulheres solteiras puderam frequentar faculdades, desde que tivessem licença dos pais. As casadas precisavam do consentimento por escrito dos maridos.

Este é o sentido de Educar de Elaine Cassiano. Fato que pude perceber em um diálogo que tivemos após uma cerimônia de formatura, esta semana. Da docência à liderança, é notável a importância das mulheres na educação brasileira. Seja como educadoras, pesquisadoras ou gestoras, as mulheres têm desempenhado um papel crucial e de protagonismo no desenvolvimento da educação no Brasil. Ao longo da história, as meninas enfrentaram inúmeras barreiras para ter acesso à educação, até conquistarem seu espaço dentro das salas de aula, e hoje serem grande destaque no setor educacional. Por derradeiro desejo que seja e esteja atuante nesta sociedade, testemunhando e registrando a realidade, muitas vezes árdua e cheia de percalços pelo caminho, mas que com seu jeito doce e meigo possa estar rompendo o lugar de silenciamento ao qual foi historicamente destinada, por assim dizer, para abrir os horizontes de qualificação do sul-mato-grossense, e ser a bandeira a iluminar nosso caminho educacional, pois entendo que muitos munícipes ainda precisam deste desiderato, em nosso rincão pantaneiro.

*Articulista

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