Primeiro centro de reprodução de cascudos ornamentais do mundo e o único local a registrar a reprodução cascudo-viola ( Loricaria coximensis) , em extinção , o Bioparque Pantanal já soma 27 reproduções de exemplares de água doce. O espaço que conecta experiência e conhecimento, tem o objetivo de chegar a marca de 40 espécies. Com os resultados, o complexo assume um papel importante na conservação de animais e vai além da contemplação da biodiversidade de alguns rios e ecossistemas do mundo.
Nesse contexto, o Centro de Conservação de Espécies Neotropicais do Bioparque Pantanal (CCPN) surgi como um aliado da conservação, bem-estar animal e pesquisa. O espaço atua com atenção especial às espécies enquadradas em elevado risco de extinção ou potenciais espécies ameaçadas, levando em consideração espécies presentes nas bacias hidrográficas de todo o Brasil. Atualmente o espaço mantido no maior complexo de água doce do mundo conta com 70 tanques destinados ao trabalho técnico científico voltado a conservação de espécies.
Outra reprodução relevante no complexo foi a de axolotes, uma espécie de salamandra que chama atenção por permanecer em estado larval mesmo adulta. Os anfíbios foram vítimas do tráfico de animais e após apreensão vieram para o Bioparque. A qualidade do local e os parâmetros adequados resultaram no nascimento de filhotes que fazem parte de projetos de pesquisa em parceria com universidades.
As principais ameaças à reprodução são a construção de barragens, pesca em excesso e a remoção de mata ciliar. Conforme explica o biólogo e curador do Bioparque Pantanal, Heriberto Gimênes Junior tais impactos são prejudiciais aos animais. “Além das barragens nós temos agricultura, os agrotóxicos que por ventura caem e através das chuvas são levados para dentro dos rios, causando a mortalidade de peixes”, explica.
Heriberto também destaca a destruição de terrenos que causam impactos em espécies de peixes anuais que ocorrem ao redor da cidade. “Eles vivem em poças temporárias, as vezes aquele espaço é utilizado para a construção de um condomínio, ali uma espécie que era ameaçada de extinção acaba sumindo devido a esse impacto ambiental”.
Diretora do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, destaca o trabalho da equipe e o comprometimento com a conservação ambiental. “Nosso complexo está alinhado ao moderno conceito de aquários do século XXI, alicerçado pelo tripé da pesquisa, conservação e educação ambiental. A criação do CCPN vem como um importante espaço voltado a estudos técnicos científicos, tendo foco especial em espécies ameaçadas ou em potencial ameaça de extinção, como os cascudos. Para alcançarmos resultados tão positivos de reprodução contamos com profissionais atentos ao bem-estar animal, obedecendo processos rigorosos para a formação do plantel”.
Saiba quais são as 27 espécies reproduzidas no Bioparque Pantanal:
Arraia-negra, Cascudo-viola, Piaba, Lambari-da-cauda-vermelha, Lambari-da-cauda-amarela, Lambari, Ciclídeo-anão, Acará (Aequidens plagiozonatus), Acará (Cichlasoma dimerus), Acará-listrado, Carazinho, Joana-guensa, Joaninha, Cascudo, Cascudo-chinelo, Cascudo-angelicus L004, Acará-bandido, Acará-severo, Xaperema-da-cabeça-vermelha, Tetra-nego-d’água, Arco-íris, Tropheus, Brichardi, Ciclídeo-blue-neon, Axolote, Acará Uaru e Mesonauta.
Rosana Lemes, Bioparque Pantanal
Fotos: Eduardo Coutinho e Heriberto Gimênes Junior