Força Nacional, Polícias Militar e Federal e representantes de órgãos de proteção estão no local. Deputados federais e estaduais tentam mediar conflito pela área, delimitada pela União como terra ancestral.
Por José Câmara, g1 MS
Focos de incêndio na área de conflito em Douradina (MS). — Foto: Cimi/Reprodução
Há uma semana, indígenas guarani kaiowá e fazendeiros estão em conflito fundiário, na área rural de Douradina (MS), a 191 km de Campo Grande. Neste sábado (20), a tensão no local tem escalado, conforme relatos de representantes dos povos originários e dos produtores rurais.
A área em conflito é chamada de Panambi-Lagoa Rica e já foi delimitada e reconhecida pela União como território ancestral dos povos originários. Os produtores rurais alegam serem proprietários legais da área utilizada para produção de commodities no ramo da agricultura.
⚠️Contexto: o conflito segue desde o dia 13 deste mês, quando um indígena foi baleado na perna por uma bala de borracha. Enquanto indígenas afirmam serem donos ancestrais da área, fazendeiros alegam serem proprietários legais da terra. Polícias Militar e Federal, representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), militares da Força Nacional e promotores do Ministério Público Federal (MPF) estão no local de conflito para manter a segurança e chegar a um acordo entre as partes.
Nas redes sociais, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que os indígenas que estão na área de conflito são ameaçados por supostos capangas armados. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) confirma que dois indígenas foram feridos por armas com munição de borracha nestes últimos dias de conflito.
De um lado, os indígenas montaram acampamento para reivindicar a terra. Do outro, fazendeiros posicionaram grandes caminhonetes em frente à área ocupada por vários indígenas da etnia guarani kaiowá.
Jovem de 18 anos atingido por bala de borracha. — Foto: Reprodução
Durante esta sexta (19) e sábado, focos de incêndios foram registrados na área de Panambi-Lagoa Rica. Polícia Militar e o Ministério dos Povos Indígenas não souberam afirmar a autoria do fogo na região, que foi contido ao longo do dia. Uma reunião de conciliação foi agendada para segunda-feira (22) na sede do MPF, em Dourados.
O cerco de tensão começou a se formar nos últimos dias, quando um indígena guarani kaiowá foi atingido por uma bala na perna. No vídeo mais acima é possível ouvir o disparo (assista ao registro).
Sem negociação há 7 dias, a secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) enviou um helicóptero com policiais militares e um representante do MPF para sobrevoar a área de conflito. Em terra, a segurança para evitar confrontos é feita pela Força Nacional e Polícia Federal.
“Nosso objetivo é mediar uma transição eventual para uma saída, uma desocupação. Nosso objetivo principal é evitar o confronto. Nós estamos com diversas equipes atuando para a segurança de todas as partes no local”, frisou o secretário da Sejusp, Antônio Carlos Videira.
O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) e a deputada estadual Gleice Jane (PT-MS) também estão no local do conflito.
Deputado federal Marcos Pollon (PL) e deputada estadual Gleice Jane (PT) em área de conflito. — Foto: Reprodução