O ritmo faz bailar, as pessoas se comunicam por notas musicais, a irmandade se expressa de forma natural e gritos – muitos gritos – ecoam para demonstrar contentamento e emoção, brotando no peito como um sapucay. Nesse clima de latinidade, Porto Murtinho abriu na noite de sexta-feira (11) a primeira edição do Festival Internacional do Chamamé, que reúne brasileiros, paraguaios e argentinos para celebrar a cultura da fronteira.
Foi uma noite memorável para um ritmo que chegou ao sul do então Mato Grosso trazido pelas águas dos rios da Prata e do Paraguai, sem limites territoriais, e incorporou-se às manifestações culturais dos sul-mato-grossenses. A chegada dos argentinos de Santa Fé à cidade, pouco antes da abertura, traduziu o sentimento latino presente na Praça de Eventos. Todos se manifestaram em júbilo a cantoria que vinha do palco na passagem do som.
Realizado pela prefeitura local, o festival reúne grandes nome da música sul-americana, como o acordeonista argentino Santhyago Rios, aclamado em festivais internacionais como um dos melhores interpretes do gênero. O evento tem o apoio do Governo do Estado e da Fundação de Cultura de MS e produção do Instituto Cultural Chamamé MS. Extensa programação segue até segunda-feira (11) com shows, bailes, seminário e oficinas de dança e artesanato.
Um festival para sempre
Impossibilitado de comparecer, o governador Reinaldo Azambuja enviou mensagem de boas-vindas aos participantes e cumprimentos aos murtinhenses, lida na cerimônia de abertura, onde afirma com convicção que o evento deve ser perene, assim como os festivais América do Sul, em Corumbá, e o de Inverno, de Bonito. “Vamos transformar esse festival em mais uma atração turística e cultural que, com certeza, vai se repetir nos próximos anos”, diz a mensagem.
Representando a Fundação de Cultura, o diretor José Francisco Ferrari (Zito) destacou a importância e grandeza do festival como parte do processo de integração dos povos fronteiriços, fazendo um referendo ao Rio Paraguai (“que nos traz tantas coisas, como a música raiz”). Zito lembrou que a gestão do governador Reinaldo Azambuja foi a que mais investiu na cultura, citando os recursos destinados à restauração de bens patrimoniais.
O prefeito Nelson Cintra fez uma saudação especial aos participantes do festival e ao público presente à Praça de Eventos José Barbosa de Souza Coelho, reafirmando sua convicção de que o evento vai perdurar na gestão do governador eleito Eduardo Riedel. “Estamos muito felizes por reunir os irmãos paraguaios e argentinos nesse congraçamento de cultura, turismo e desenvolvimento, onde a nossa Murtinho se destaca como portal da Rota Bioceânica”, disse.
Shows e baile na madrugada
Assinando a produção e também um dos mentores da ideia de colocar a cidade fronteiriça no circuito das manifestações em prol do chamamé, o ativista cultural e radialista Orivaldo Mengual também participou da cerimônia. Ele ressaltou a iniciativa do governador do Estado de decretar o gênero um bem imaterial de Mato Grosso do Sul, citando que o chamamé está embrenhado no coração do sul-mato-grossense. “A festa é de vocês, irmãos fronteiriços”, citou.
A abertura contou com a participação da banda municipal e do coral Meninas Cantoras de Porto Murtinho, formado por 40 jovens sob a batuta do maestro Quirino. Na sequência, na execução dos hinos dos países presentes, o acordeonista correntino Santhyago Reis interpretou o Hino de Mato Grosso do Sul no acordeom. Na sequência, se apresentou a dupla mirim oficial de baile do festival, Enzo e Bianca Alarcon, de Corrientes (Argentina).
Os shows animaram o público, estimado em três mil pessoas. Casais desceram das arquibancadas e foram bailar no centro da arena, entre o palco e o camarote oficial. O grupo argentino Mainumby Arte Ballet abriu o espetáculo, vindo a seguir o sul-mato-grossense Fábio Kaida e sua harpa com uma seleção de clássicos, entre os quais Soy El Chamamé, Paraguaya Linda, Viejo Naranjal, Pajaro Campana e a autoral Reencontro. Seus acordes animaram o público.
A apresentação da Banda e Ballet Folklórico Municipal de Assunção também empolgou os fronteiriços, com danças tradicionais acompanhadas por um grupo de sopro e percussão, que homenageou o Brasil e Mato Grosso do Sul interpretando a antológica Chalana (Mário Zan e Arlindo Pinto). A primeira noite fechou com Carolina Rojas, Los Guilherminenses e Los Nortenitos, Tono Benitez, da Argentina; Benito Marin, de Campo Grande, e baile pantaneiro.
Subsecretaria de Comunicação – Subcom
Fotos: Chico Ribeiro