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Lula sanciona lei que institui Plano Nacional do Manejo do Fogo em meio à crise histórica de queimadas no Pantanal

Por Rafaela Moreira, g1 MS

Lula durante visita no Pantanal nesta quarta-feira (31). — Foto: Dyego Queiroz

Lula durante visita no Pantanal nesta quarta-feira (31). — Foto: Dyego Queiroz

Durante agenda em Mato Grosso do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, nesta quarta-feira (31), a lei que institui o Plano Nacional do Manejo do Fogo. Dentre os compromissos, Lula fez um sobrevoo pelas áreas atingidas pelo fogo no Pantanal. O bioma teve quase 1 milhão de hectares devastado pelas chamas apenas neste ano.

A nova legislação cria diretrizes para usar o fogo de forma controlada, com o objetivo de prevenir e combater incêndios florestais, conservar ecossistemas e respeitar práticas tradicionais. A lei proíbe a prática de colocar fogo como método de supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, exceto quando há queima controlada dos resíduos de vegetação. 

Lula destacou que a nova lei representa um avanço significativo no combate aos incêndios no Brasil. “Essa lei que assinamos aqui vai ser um marco no combate a incêndio neste país. Estamos reconhecendo o trabalho extraordinário que todos fazem, um projeto que foi feito por vocês [brigadistas] em sua maioria”, disse.

Em discurso emocionado, Lula falou da importância do Pantanal, que é um patrimônio da humanidade e deve ter toda a atenção das autoridades para a sua preservação. O presidente parabenizou o trabalho dos brigadistas que atuam no combate às chamas.

“Fiquei emocionado vendo lá de cima, do helicóptero, o fogo na vegetação e os brigadistas e bombeiros tentando apagá-lo. Hoje é um dia gratificante para mim. É a primeira vez que eu visto a camisa de um brigadista. Muitas vezes do gabinete em Brasília a gente não tem dimensão”, disse o presidente.

O Pantanal já teve mais de 906 mil hectares queimados pelo fogo neste ano , segundo levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ). A área completamente destruída representa 6% de todo o território pantaneiro.

Lula sobrevoa áreas atingidas pelas queimadas no Pantanal — Foto: Ricardo Stuckert

Lula sobrevoa áreas atingidas pelas queimadas no Pantanal — Foto: Ricardo Stuckert

A cerimônia contou com a participação do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), dos ministros da Casa Civil, Rui Costa; do Transporte, Renan Filho; de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; do presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho. Além dos deputados federais, estaduais e outras autoridades.

Lula e autoridades durante agenda em Corumbá (MS) — Foto: Saul Schramm/ Reprodução

Lula e autoridades durante agenda em Corumbá (MS) — Foto: Saul Schramm/ Reprodução

Durante a cerimônia, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, celebrou a sanção do projeto de lei e disse que o fogo deve ser combatido e manejado adequadamente.

“Esse projeto é fruto do trabalho competente das nossas equipes. O enfrentamento dos incêndios tem na sua raiz uma combinação terrível entre mudança do clima, desmatamento e incêndios. Se não parar de colocar fogo, não tem quantidade de pessoa e equipamento que vença, o que pode fazer a diferença é parar de atear fogo no Pantanal”.

Segundo Marina, entre os incêndios de maior proporção 45 já foram extintos e outros 36 estão em fase de combate – sendo que dentre esses últimos 20 estão sob o status de controlado. Cerca de 890 profissionais das esferas estadual e federal estão envolvidos no combate, incluindo Corpo de Bombeiros, Ibama, ICMBio, Força Nacional, Forças Armadas, entre outros. 

O que muda com a lei?

Fogo na região do Rabicho, em Corumbá (MS). — Foto: Reprodução

Fogo na região do Rabicho, em Corumbá (MS). — Foto: Reprodução

A nova legislação cria diretrizes para usar o fogo de forma controlada, com o objetivo de prevenir e combater incêndios florestais, conservar ecossistemas e respeitar práticas tradicionais. O projeto de lei impõe medidas para disciplinar o uso do fogo no meio rural, principalmente entre as comunidades tradicionais e indígenas, e prevê a sua substituição gradual por outras técnicas.

Com a medida, o uso do fogo será permitido nos seguintes casos: 

  • pesquisa científica aprovada por instituição reconhecida;
  • prática de prevenção e combate a incêndios;
  • cultura de subsistência de povos indígenas, comunidades quilombolas ou tradicionais e agricultores familiares;
  • capacitação de brigadistas florestais. 

Para práticas agropecuárias, o uso do fogo será permitido apenas em situações específicas, em que peculiaridades o justifiquem.

O texto também define os tipos de queimada como controlada e prescrita. A primeira é a usada para fins agropecuários em áreas determinadas e deverá constar em plano de manejo integrado do fogo, com autorização prévia dos órgãos competentes. A autorização poderá ser dispensada para fins de capacitação em manejo integrado do fogo, desde que a área queimada não ultrapasse 10 hectares e esteja de acordo com as diretrizes do Comitê Nacional de Manejo, que ainda será criado.

Já a queimada prescrita ocorre com planejamento e controle do fogo para fins de conservação, pesquisa ou manejo dentro do plano integrado. É o que ocorre, por exemplo, no controle de espécies exóticas ou invasoras. Essa modalidade também exige autorização prévia.

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