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Amor Verdadeiro por Rosildo Barcellos

Amor Verdadeiro

                      Rosildo Barcellos

      Leon Nikolaievitch Tolstoi não é apenas um dos maiores romancistas russos e da literatura universal, mas  um homem que abandonou os privilégios de sua classe.  Mas sua doutrina de procurar fazer reformas políticas sem o uso da violência continua atual na política moderna, e seu maior exemplo, é Gandhi. Descendente de uma família de latifundiários da alta aristocracia que tinha livre acesso junto aos czares, Leon Tolstoi nasceu em Iasnaia Poliana, 160 km ao sul de Moscou, na província de Tula, em 9 de setembro de 1828. Tendo seu pai, viúvo, falecido quando Leon tinha apenas nove anos de idade, ele, junto com outros quatro irmãos, foi entregue aos cuidados da tia Alieksandra Osten-Sacken. Como era moda naquela época, os filhos de nobres eram educados por professores particulares. Assim, tia Alieksandra contratou os serviços de um preceptor alemão de nome Ressel. Embora o professor alemão não ficasse muito bem impressionado com as crianças, pelo menos ajudou o pequeno Leon a desenvolver o gosto pela arte de escrever. Em 1841, a tia faleceu, e os meninos foram entregues a outra irmã de seu pai. Pieguela, que morava em Kazan, era uma mulher severa, de rígidos princípios morais. Mal pôs os olhos em Leon, decidiu que ele seria militar ou, na pior das hipóteses, um diplomata. Em 1944, o jovem Leon Tolstoi estava estudando na Universidade de Kazan. Mas logo se revelou um aluno  que decepcionava Pieguela: vejam que; nem se comportava segundo o manual aristocrata de boas maneiras, nem se distinguia nos estudos. Julgando que tivesse escolhido um curso errado, transferiu-se para a faculdade de Direito, mas foi reprovado nos primeiros exames.

  Desiludido  e cansado de ouvir recriminações da tia, em 1847 Leon retornou a Iasnaia Poliana. Após ficar uns poucos meses na fazenda, entre 1848 e 1852 passou uma temporada entre Moscou e São Petersburgo, dedicando-se a uma vida de facilidades afetuosas. Apesar de ter retomado o curso de Direito em São Petersburgo, não se destacou como aluno, mas como  namorador incorrigível. Nesse período, começou a ler a Bíblia e as obras de Jean-Jacques Rousseau e, ao terminar essas leituras, sentiu-se ainda mais inquieto. Quando seu irmão Nicolau voltou do Cáucaso, onde combatera, os relatos das aventuras do irmão despertaram em Leon o desejo de participar da vida militar. Em 1852 estava no Cáucaso, apaixonado por uma camponesa e pela paisagem. Entre contemplações namoros, lutou com bravura contra as tribos de montanheses e despertou a admiração de seus companheiros. Nesse mesmo ano, publicou, na revista Sovremennik (“O Contemporâneo”), de São Petersburgo, os capítulos de Detstvo (“Infância”), no qual faz um relato minucioso de sua meninice. No ano seguinte estourou a Guerra da Criméia (1853-1856) e Tolstoi voltou a combater. Agora, decepcionado com a guerra, com as atitudes do czar Nicolau II, que provocara o conflito, escreveu os Relatos de Sebastopol, nos quais descreveu o drama diário de uma cidade sitiada. As histórias penetraram nos salões da nobreza, fizeram o povo chorar e artistas de toda a Rússia passaram a arder de entusiasmo por conhecê-lo. Ao desembarcar em São Petersburgo, após a derrota das tropas russas em Malakhov (1855), Tolstoi foi recebido por uma multidão de admiradores que o trataram como herói. Mas, naquele momento, o jovem Tolstoi ansiava por ficar consigo mesmo e não dispunha de um momento sequer de solidão. Em 1857, decidiu partir para o exterior. Viajou pela Alemanha, França, Itália e Suíça. Dois anos depois, retornou a Iasnaia Poliana carregado de livros de filosofia e pedagogia. Torturava-se com dúvidas e escrúpulos, quanto à necessidade da arte e do seu direito de usufruir sua riqueza no meio da miséria do povo. Como assevera Lígia e Cristina, pesquisadoras de sua obra, sentia a urgente necessidade de fazer algo pela Rússia, e que devia começar pelos que lhe estavam mais próximos: os servos de Iasnaia Poliana. Em 1859 fundou, em sua propriedade, uma escola para crianças e adultos, e começou a tratar seus empregados com os métodos que aprendera no Ocidente, baseando-se na compreensão e na bondade e excluindo qualquer castigo corporal. Porém, antes de iniciar suas atividades como professor, viajou para Hières, no sul da França, onde seu irmão Nicolau tentava curar-se de uma infecção pulmonar. Junto com ele, escreveu Kasaki (“Os Cossacos”), reminiscência de sua estada no Cáucaso. Com a morte do irmão, Tolstoi, em vez de voltar para a sua fazenda, foi para Londres onde, em companhia de seu amigo Alexander Herzen, festejou a emancipação dos servos da Rússia, decretada pelo czar Alexandre II. Sentindo que a emancipação dos servos abria a perspectiva de uma nova era para o povo russo, Tolstoi retornou a Iasnaia Poliana e colocou-se à disposição do governo. Trabalhou como juiz de paz na província, com o encargo de contornar os possíveis problemas entre proprietários e antigos mujiques. Foi quando conheceu Sófia Andreievna, uma adorável jovem de 17 anos por quem se apaixonou. O casamento se realizou em setembro de 1862. Sua felicidade seria completa se graves problemas financeiros não o obrigassem a fechar a escola e abandonar a revista pedagógica que havia fundado após seu casamento. As dificuldades econômicas levaram Tolstoi a encarar a necessidade de ter a Literatura como meio de vida. O autor do maior épico dos tempos modernos (Guerra e paz) e do mais perfeito romance dramático oitocentista já escrito (Anna Kariênnina) via com outro olhar, a instituição do matrimônio. Talvez ceticismo seja um eufemismo para o homem que chegou ao final do século 19 mais popular, adorado e temido do que o czar. Liév Tolstói (1828-1910) ficou 44 anos casado com Sófia e tiveram 13 filhos

  A imagem completa da vida humana, de tudo que as pessoas consideravam como felicidade, grandeza, tristeza e humilhação sintetiza o significado e a importância do romance “Guerra e Paz”, de Liev Tolstói, lançado em 17 de dezembro de 1867. A repercussão da novela foi tão grande que os russos varreram as estantes das livrarias, inclusive para presentear amigos e depois trocarem cartas em que revelavam suas impressões dos personagens. Tolstói dizia que o livro consumiu cinco anos de sua vida, e a obra não era resultado de sua imaginação, mas sim de algo arrancado de si. Naquela época, ele e Sophia eram recém-casados. Ela tinha 18 anos e ele o dobro. Para ajudá-lo, a jovem passava noites sob luz de velas decifrando e transcrevendo os manuscritos de Tolstói.

  Além disso, também assumiu a responsabilidade de avaliar a obra e os sentimentos que ele transmitia por meio do livro. Como o russo era um escritor  detalhista, mas que não possuía uma boa caligrafia, Sophia teve de reescrever “Guerra e Paz” sete vezes até chegar à versão final.Mais tarde, também desempenhou o papel de secretária, revisora e gerente financeira enquanto o marido escrevia Anna Karenina, lançado em 1877.Quando Liev Tolstói começou a escrever “Guerra e Paz”, Sophia registrou em um de seus diários a seguinte passagem: “Ele está escrevendo sobre a condessa fulana conversando com a princesa quem é essa insignificante”, reclamou. Por fim, a própria vida ns faz pensar, como entender o amor. Para um amor funcionar realmente é preciso sacrifícios pessoais? Para duas pessoas se entenderem será intencional buscar o interesse do outro? E o amor verdadeiro, por que não pode ser logo o nosso primeiro? Precisamos sofrer para entender quem nos entende? A essas perguntas cada casal responderá do seu jeito, mas não fique perdendo tempo. O amor verdadeiro existe. Só não é o que você pensa… é o que você precisa. Olhe para o lado e não finja que não viu, ele está lá esperando apenas a sua ligação. E somente esse tem o cuidado que a gente precisa, o auxílio que necessitamos e o amparo que buscamos, e isso não tem relação direta com o financeiro. Resta saber que uma  vez mais, fica provado que por trás de um grande homem, sempre tem uma grande e excepcional mulher!

* Membro Imortal da Academia Brasileira de História e Literatura ABHL

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