Pela primeira vez na história olímpica brasileira, mulheres foram maioria na delegação do Time Brasil e conquistaram mais medalhas do que os homens
Rebeca, Jade, Lorrane, Flávia e Júlia comemoram bronze por equipes na ginástica artística – Foto: Miriam Jeske/COB
O sucesso das mulheres brasileiras na capital francesa abriu caminho para o surgimento de novas estrelas como Bia Souza, ouro na categoria pesado (acima de 78kg) no judô. Até então desconhecida do público que não acompanha o dia a dia do esporte olímpico, a judoca de 26 anos furou a bolha e virou ícone de questões fundamentais.
“A Bia merece muito. É uma pessoa sensacional, além de uma atleta incrível. A gente fica muito feliz pela inspiração que ela começa a causar em pessoas de todo o Brasil. Vemos tantas mulheres pretas, gordas, que se diminuem e se deixam diminuir. A gente tem certeza que esse exemplo da Bia vai mostrar para as pessoas que todos têm o seu valor. Todo mundo tem o seu lugar ao sol. E todo mundo pode crescer e alcançar os seus objetivos”, disse Mariana Mello.
A consolidação de Rebeca Andrade na mais alta prateleira do esporte mundial ajuda muito a explicar o enorme sucesso das mulheres brasileiras. A ginasta conseguiu superar as já incríveis glórias obtidas nos Jogos de Tóquio 2020 e deixou Paris com quatro pódios (um ouro, duas pratas e um bronze), chegando a seis na sua carreira e tornando-se a maior medalhista, dentre homens e mulheres, do esporte olímpico brasileiro em todos os tempos. Além dos feitos individuais, a rainha da ginástica brasileira também ajudou suas colegas a entrarem para a história com o bronze por equipes.
“A Rebeca é fenomenal. A gente apostava muito neste excelente desempenho dela. Ela já vinha com consistência de resultados. Ela é uma grande inspiração, não só pela atleta que ela é e pelo cuidado que ela tem com todo mundo. Como estuda Psicologia, a Rebeca tem essa questão da preparação mental muito presente na vida dela. Eu acho que isso a ajuda a ser uma inspiração ainda maior para as outras pessoas. Ela ainda tem muito a entregar pelo Brasil e não estou falando necessariamente de resultados. Mas de exemplo”, afirmou a subchefe da Missão Paris 2024 do COB.
Não só as medalhas refletem o sucesso das mulheres brasileiras na edição olímpica que se encerrou neste domingo, dia 11. Também viraram exemplos ricos para o público momentos como os proporcionados, por exemplo, por duas Anas: a Sátila, da canoagem, e a Cunha, das águas abertas. A que usa remos caiu nas graças por sua intensa entrega nas três provas que disputou e ficou muito perto de ir ao pódio (quarta no caiaque individual, quinta na canoa individual e oitava no caiaque cross). Já a nadadora multicampeã, que teve um ciclo muito difícil, com cirurgia e questões pessoais, demonstrou uma garra acima da média e ficou em um honroso quarto lugar.
“As duas Anas são duas que não conquistaram medalha aqui, mas que mereciam muito e lutaram muito por ela. Nós temos que valorizar o processo. A Sátila já vem batendo na trave há muito tempo, bateu de novo. É dolorido para ela, mas a gente tem certeza que ela está de cabeça erguida, seguindo em frente e que entregou tudo que poderia entregar. E a mesma coisa a Ana Marcela, gigante, muitas medalhas em Mundiais, medalhista olímpica, recordista de tudo que pode ser recorde. Ela passou por um ciclo difícil, pessoal e profissional, mas veio aqui e deixou tudo de si no Rio Sena”, finalizou a subchefe da Missão Paris 2024.